Sem máscara, na inauguração de um hospital de campanha para vítimas do novo coronavírus na cidade de Águas Lindas de Goiás, a 57 km de Brasília, o presidente cobrou que a Polícia Militar faça "seu devido trabalho" e sugeriu o uso da Força Nacional em manifestações contra o governo que se denominam antifascistas. Bolsonaro pediu que seus apoiadores não saiam às ruas.
Segundo integrantes do Ministério da Justiça, a Força Nacional de Segurança ainda não foi convocada, o que dependeria de um acerto entre o governo Bolsonaro e a administração do Distrito Federal.Oficialmente, a Força Nacional deve ser acionada para fazer a proteção do patrimônio público.
Oficialmente, a Força Nacional deve ser acionada para fazer a proteção do patrimônio público.
"O outro lado, que luta por democracia, que quer o governo funcionando, quer um Brasil melhor e preza por sua liberdade, que não compareçam às ruas nestes dias para que as forças de segurança, não só estaduais, bem como a nossa, federal, façam seu devido trabalho porventura estes marginais extrapolem os limites da lei", disse Bolsonaro.
Bolsonaro afirmou que os manifestantes contra seu governo "geralmente são marginais, maconheiros, desocupados que não sabem o que é economia, o que é trabalhar para ganhar seu pão de cada dia". "Querem quebrar o Brasil em nome de uma democracia que nunca souberam o que é e nunca zelaram por ela", disse Bolsonaro.
Apesar de afirmar que não há previsão de atos em Goiás neste fim de semana, Bolsonaro disse ter certeza que, caso apareçam no estado, o governador Ronaldo Caiado (DEM) irá tratá-los "com a dureza da lei que eles merecem".
Bolsonaro tem trabalhado com aliados uma estratégia para tentar diferenciar esses atos das manifestações semanais de seus apoiadores. Com isso, Bolsonaro tentará insistir na tese de que os que o apoiam têm como hábito organizar movimentos pacíficos, enquanto a oposição adota métodos violentos.Na terça-feira (2), o presidente classificou atos contra seu governo de "marginais e terroristas".
Seus auxiliares aguardam com expectativa as manifestações de domingo para aferir o tamanho da oposição nas ruas. Na segunda-feira (1º), o presidente já havia dito a seus apoiadores que não deveriam sair de casa no final de semana.
Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (4) que "liberdade de expressão tem que valer para todo mundo". A declaração ocorreu em resposta a um apoiador que, em frente ao Palácio da Alvorada, disse que o mandatário deveria processar críticos que se referem a ele como "genocida".
Na noite do mesmo dia, em live, o chefe do Executivo chamou aqueles que se manifestam contra seu governo de idiotas, marginais e viciados.
Em meio a esse acirramento, alguns integrantes do Palácio do Planalto fazem um esforço para arrefecer a temperatura da crise institucional. Contudo auxiliares presidenciais veem com reticência a possibilidade de o presidente realmente se comprometer a baixar o tom, dado seu histórico intempestivo.Há leituras diferentes sobre a orientação dada por Bolsonaro para que seus apoiadores não apareçam na Esplanada dos Ministérios, por exemplo.
Há quem defenda que, de fato, ele queira evitar confrontos. Porém também há quem diga que o presidente apenas procurou uma vacina para o caso de haver mais manifestantes contrários a ele do que a favor. Além disso, outros argumentam que, caso o ato seja marcado por violência, Bolsonaro poderá apontar o dedo para seus opositores.
Partidos de oposição, como a Rede e o PSB, divulgaram notas sobre os atos marcados para domingo no país, que devem ocorrem em meio ao agravamento da crise do novo coronavírus, que já deixou mais de 34 mil mortos no Brasil. Ambos desencorajam seus filiados a participar das manifestações.