Uma criança de nove anos de idade, portadora de síndrome nefrótica, precisou ser levada em um carrinho de mão a um posto de saúde de Januária, a 596 km de Belo Horizonte. Revoltada, a mãe da menina, Gilvânia Carmo de Souza, filmou a cena.
Segundo a família, a associação comunitária responsável por gerenciar o transporte para atendimento de saúde no bairro não liberou o veículo porque a distância da casa da menina até a unidade era pequena. A assessoria de comunicação da prefeitura alega que o carro utilizado para o serviço é administrado pela associação comunitária da comunidade de Pandeiros, mas que vai colocar um funcionário próprio para gerenciar a logística.
De acordo com o presidente da entidade comunitária, a demanda pelo automóvel é grande e ele estava auxiliando uma gestante. "Nunca foi negado um socorro pra ela. Mas, infelizmente, nessa ocasião que ela precisou do carro, o carro não estava. Mas a gente está aqui para ajudar da melhor forma possível", afirmou Daniel Nascimento Brito.
Em conversa por telefone com o UOL, Gilvânia explicou porque decidiu levar a filha Eduarda de carrinho de mão ao posto de saúde. Segundo ela, quando viu a filha gritando e se contorcendo por causa de dores, foi até o local onde fica o carro que costuma levar pessoas em situações assim para atendimento médico. Lá, porém, teve a notícia de que o veículo não poderia ser utilizado.
"Eu perguntei se alguém estava com a chave do carro, mas aí já vieram falando que toda vez eu queria, querendo saber porque eu queria, e que eu tinha que agendar o carro antes. Eu falei que não agendei antes porque ela estava bem".
A unidade de saúde de Pandeiros fica a cerca de 500 metros de onde Gilvânia mora com a família, de acordo com a dona de casa. Segundo ela, a filha pesa 37 quilos. "Não tenho mais condição de pegar ela e carregar assim", disse.
Sem encontrar alternativa, diz que pegou um carrinho de mão, forrou com cobertor, usou um travesseiro e cobriu o rosto da menina devido ao calor. A garotinha foi atendida no posto e levada de volta para casa também no carrinho de mão, dessa vez com a ajuda do pai.
"Eu senti muita revolta porque eu pedi socorro. Me senti humilhada. Não estão vendo o sofrimento da gente".