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Pais trocam colégios particulares por públicos

Publicada em 05/06/20 às 14:34h - 123 visualizações

por JL Hits Brasilia


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O governo paulista criou agora a possibilidade de matrículas para o atual ano letivo serem feitas no site sed.educacao.sp.gov.br  (Foto: internet )
Com a crise econômica potencializada pela pandemia, o Pais já têm transferido alunos de escolas particulares para a rede pública. A Secretaria de Educação paulista registrou 2.388 transferências de alunos da rede privada para colégios estaduais em abril e maio, ante 219 no mesmo período do ano passado. No Paraná, mais de 8,4 mil alunos da rede privada migraram para a estadual desde março. Especialistas dizem que o movimento deve crescer nos próximos meses e defendem planejamento da rede pública para receber demanda extra.

O governo paulista criou agora a possibilidade de matrículas para o atual ano letivo - as de 2021 ainda não estão abertas - serem feitas no site sed.educacao.sp.gov.br. O governo estadual ainda discute plano para retomar aulas presenciais só em agosto, com 20% dos alunos e ações sanitárias.

Segundo Thiago Cardoso, coordenador da Coordenadoria de Informação, Tecnologia, Evidências e Matrícula da pasta, o fenômeno é recente e por isso dados socioeconômicos e a etapa escolar dos novos alunos não foram levantados. Mas ressalta que o movimento foi bem mais expressivo na capital.

A rede pública do Estado tem cerca de 3,4 milhões de alunos, 1 milhão a mais que a estimativa da rede privada. Cardoso afirma que as diretrizes logísticas e pedagógicas das escolas públicas não devem ser modificadas por causa da migração. "Por mais que o aumento seja significativo, a rede pública é maior em número de escolas e alunos do que a rede privada. Essa quantidade de transferências não impacta. Teria de ter uma migração muito maior."

No Paraná, a rede estadual afirma ter matriculado alunos em turmas que podem receber a demanda extra. Os dois filhos do casal Daniel de Lara e Karine Carvalho, donos de uma panificadora em Curitiba, fazem parte desse grupo. "Nosso faturamento familiar caiu 60% no começo da pandemia e agora o momento é muito instável. Tem dia que vende bem, mas há aqueles em que não vendemos nada", conta a empresária, mãe de crianças de 8 e 10 anos.

Por enquanto, os novos alunos assistem às classes pelos sistemas online, criados para manter atividades durante a pandemia. "O Paraná tem 35 mil salas de aula físicas, que recebem 10 aulas por dia e totalizam, no Estado, 350 mil aulas diariamente. Todas as aulas foram recriadas para que os alunos possam receber o conteúdo dos professores que já conheciam", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário de Educação, Renato Feder.

Desafios

A tendência de migração pode se acentuar se a crise continuar aguda, diz a pedagoga Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Para ela, é preciso que a rede pública tenha, além da capacidade de absorver alunos, planejamento relativo ao tamanho da turma, sobretudo pela demanda de distanciamento social motivada pela covid.

Outra preocupação de especialistas é sobre a educação infantil. Como a educação não é obrigatória entre zero e 3 anos, a crise financeira pode tirar muitas crianças da escola, considerada crucial no desenvolvimento infantil.

Segundo Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de São Paulo, a estimativa de inadimplência de mensalidades em maio deve chegar a 30%. Em abril, havia sido 20%. Silva conta que os pequenos colégios privados são os que sofrem mais com a falta de pagamento e a perda de alunos. "O caixa das escolas está zerado e as pequenas estão com dificuldades para acessar linhas de crédito."

Silva lembra que a classe C, que tem maior participação no ensino privado desde os anos 2000, deve ficar mais prejudicada. "Alguns perderam emprego e outros são autônomos. Se não houver ajuda do governo para essas famílias, muitas escolas fecharão e haverá uma multidão na porta das escolas públicas."

Diane Cundiff, diretora-geral do Colégio Santa Maria, na zona sul paulistana, acredita que pequenas escolas correm risco, já que os alunos de colégios caros são de famílias com mais poder aquisitivo.

No Santa Maria, há um seguro, que pode ser usado caso o responsável pelo aluno seja demitido. Muitos dos pais, porém, têm negócio próprio e perderam grande parte da renda. "A escola está entrevistando família por família e tentando ajudar, dando algum desconto durante a pandemia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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